Na primeira parte do ensaio, argumenta-se que as linhas cartográficas “abissais” que
demarcavam o Velho e o Novo Mundo na era colonial subsistem estruturalmente no pensamento moderno
ocidental e permanecem constitutivas das relações políticas e culturais excludentes mantidas no sistema
mundial contemporâneo. A injustiça social global estaria, portanto, estritamente associada à injustiça
cognitiva global, de modo que a luta por uma justiça social global requer a construção de um pensamento
“pós-abissal”, cujos princípios são apresentados na segunda parte do ensaio como premissas programáticas
de uma “ecologia de saberes”.
Fil: de Sousa Santos, Boaventura. Universidad de Coímbra; Portugal